Estava envolvida num cobertor e a perna imobilizada
numa almofada. A observei por uns instantes, a presença dela ali era tão
tranquilizadora quanto eu desejava. O quarto estava da forma que lembrava. Papel
de parede, poltrona, armário, até mesmo a posição da cama.
Sai, tomei um banho de cerca de trinta minutos.
Voltei ao quarto e ela ainda dormia. Sentei ao lado dela e a puxei devagar até
deita-la nos meus braços. Acariciei o rosto, os cabelos. Decididamente se algo
sério tivesse acontecido a ela, eu não me perdoaria jamais. Ela era minha Baby,
tão minha que me confundia totalmente. Não demorou pra ela acordar e já tentar
se soltar de mim.
- Para, para, para. Fica quieta. – Eu falava a
segurando com força.
- Não, me solta. Faça esse favor.
- Faça você o favor de ficar quieta. – Segurei com
força e ela desistiu lutar. - Você está melhor?
- Poderia estar se você me soltasse.
- Sai da defensiva fazendo um enorme favor? Você
não combina com isso. E por favor, não faz mais isso comigo. Não tenta se matar
na minha frente. Você sabia que a moto estava com problema e não deveria ter
acelerado daquela forma. – Ela se encolheu visivelmente envergonhada. – Porque
fez aquilo? Me batesse, continuasse me xingando, mas não fizesse a idiotice que
fez. Se algo mais sério tivesse acontecido com você, acha que me sentiria como?
Não suportaria a ideia de ver você mais machucada do que está agora, e não falo
só da pele, falo das feridas que eu casei com meu modo de agir. Por isso peço
que me desculpe.
Ela me encarou escutando tudo o que eu falava. Meu
timbre de voz estava calmo e eu estava tentando ser o mais sincero possível,
forma que nunca tinha agido com ela antes.
- Me desculpa também, fui irresponsável, mas estava
muito chateada com você.
- Eu sei.
- Amanhã meu pai vem me buscar.
- Não vá, fique comigo. Só daqui cinco dias vou
embora.
- Não, Dave. Uma coisa é nos resolvermos e outra é
passar por cima do que houve.
- Não fique por mim, fique pelo tio. Vi que vocês
se gostaram.
- Sim, ele é maravilhoso.
- Então fique com a gente, por favor.
- Vou pensar, amanhã resolvo.
Ela se arrumou perto de mim e voltou a dormir em seguida.
Não sabia o que tinha que fazer, mas sabia que tinha que ficar com ela.
No outro dia ela decidiu não ir, o que serviu de
completa alegria para meu tio que a mimava como se ela fosse uma filha caçula
para ele, e louco estaria eu se falasse alguma coisa sobre como ele estava a
tratando.
Culpado do acontecido e mesmo que minha cabeça
tentasse falar que não eu sabia que ela estava certa em estar chateada comigo,
prometi tentar mudar o modo que eu tratava Savana só pra não passar pelo que
estava passando naquele momento, ou será que outra atitude seria a melhor e
mais sensata naquele instante?
Os quatro dias que se passaram ainda ali, foram por
horas um tormento, a frieza dela comigo me entristecia, mas me enfurecia
também. Por vezes tive vontade de manda-la embora, mas faltava-me coragem.
Quatro dias depois, no horário de almoço ouvi uma
voz que me fez tremer, aquela voz elétrica e risonha. Era a Rebeca.
- Encontrei essa mocinha procurando por minha casa,
vejam que coisa boa. – meu tio segurava a mão dela. – muito bonita sua amiga.
- Obrigada tio. – Savana falava abraçada com os
dois.
- Oras, vejam só. Se Não é Rebeca quem chegou aqui.
– Eu disse acenando pra ela.
- Oi, Dave – com o riso eterno ela acenou de volta
pra mim – Estão todos bem?
Rebeca foi buscar Savana, já que eu não podia
leva-la mais na moto. Chegou um dia antes pra passar a noite com a amiga e
muito provavelmente me irritar. No outro dia formos embora, Rebeca com Savana e
eu na moto. A despedida foi longa e visivelmente meu tio havia se apegando a
Savana e eu não pude fazer nada, além de me sentir bem.
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