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quinta-feira, 13 de março de 2014

ღ Capítulo 8 ღ

Segundo dia do ano e Savana estava na casa dos pais, tínhamos todos aproveitados os dez primeiros dias do ano para viagens e pequenas férias. Resolvi ir até Phoenix visitar meu tio, a conversa de dias anteriores me fizeram sentir a vontade de visita-lo.
Sturm estava pronta pra viagem, e eu de alguma forma aliviado. Assim que cheguei, na frente da loja, um misto de lembranças, boas e ruins me invadiram. E como esperado, meu tio estava lá a minha espera, nos cumprimentamos como sempre fazíamos e a eterna conversa sobre motos nos tomaram bastante tempo. Conheci o Phil, o novo ajudante do meu tio, que cuidava da administração da loja.
Reservamos o restante da tarde para irmos ao bar que ficava a duas quadras da loja. A conversa estendeu-se pela noite e só chegamos de madrugada.
Acordei depois, meu tio estava batendo na porta do meu quarto, que continuava intacto. Já havia algum tempo que não bebia da forma que bebi na noite anterior, por tanto estava com uma dura ressaca e muito mal humorado.
- Tem visita pra você na sala. – Meu tio avisou.
- Pra mim? Quem droga está ai?
- Não sei, acabei de conhecer. Mas bela garotinha você tem, hein?
Não poderia ser quem eu estava pensando, como ela tinha chego ali era a pergunta que me tomou naquele instante. Cheguei na sala tonto, só de calça e com o humor pior ainda.
- Como você me achou? – Perguntei assim que a avistei.
- Oi. - O entusiasmo dela era notável a quilômetros de distâncias.
- Como você me achou? – Tornei a perguntar.
- Cheguei de viagem e fui te procurar, mas você não estava e o porteiro do seu prédio falou que você havia viajado. Tentei te ligar, mas não consegui. Então falei com a Lia e ela me falou onde você estava, e bom, chegar aqui e achar a loja do seu tio não foi nada difícil depois das dicas da Lia, chegando lá o Phil me ensinou a casa e aqui estou. Quis te surpreender.
- Eu gostei muito. – Meu tio falou abrindo uma lata de cerveja e nos observando como espectador, ele provavelmente sabia o que viria pela frente.
- Eu vim pra passar os dias que você ficar aqui com você.
- Como é? Vim sozinho e continuarei sozinho. Você nem deveria estar aqui. Você não estava com seus pais?
- Mas Dave...
- Mas nada. – A interrompi. – Eu disse a você que você não viria aqui comigo, lembra? Eu disse que um dia quem sabe te traria aqui. Agora vai embora.
- A garota vai ficar. – Meu tio interviu quando notou que Savana ficou acuada parecendo criança – O que é isso, Dave? Não se fala assim com a namorada.
Peguei a chave da moto que estava na mesa de centro e já estava saindo quando Savana foi mais rápida que eu e ficou na frente da porta impedindo minha saída.
- Para ai agora, meu bem. – ela gritou firme – Cansei das suas grosserias, ignorâncias e explosões do nada. Com você só faço coisas para te alegra, para te agradar, mas nada, absolutamente nada que eu faça é bom o suficiente para evitar que você simplesmente exploda o mundo e queira me explodir junto. Nunca te pedi nada em troca do que fiz e faço, mas um pouco de educação não te fariam mal. Mas você não sabe o que é isso, nem se quer se esforça pra tentar entender que o que eu faço é pra você, mas você sabe o que é pancada, pontapés e o diabo todo. Certo, nunca reclamei, mas acho que já chega, não é? Fique ai com suas grosserias, curta sua bebedeira, e minha distância, que será bastante presente para você. E eu vou embora sim, atendendo o seu pedido. Nunca mais farei surpresa, carinho, nem porcaria nenhuma que envolva você. Ah, e vá para o inferno seu idiota grosseirão.
Ela beijou o rosto do meu tio que a beijou de volta, e eu me perdi se quem estava ali era meu tio mesmo. Ela puxou a mochila do sofá e saiu como um furacão. Fui atrás dela acompanhado do meu tio. Então vi que ela estava na moto dela. Colocou o capacete e acelerou de uma única vez, mas na hora de fazer a volta o pneu derrapou no cascalho e a moto a jogou cerca de três metros de distancia. Sai correndo até ela, mas acho que ela tinha absorvido um pouco de mim  naquele momento.
- Sai de perto de mim, Dave. Agora.
- Baby, fica quieta e não se mexe. Você está machucada.
- Sai agora de perto de mim. – Ela falava quase chorando, estava nitidamente sentindo dor.
Meu tio ligou para emergência e quando chegou perto dela, diferente de mim, ela choramingou e segurou a mão dele. Assim que a ambulância chegou e a levaram eu acabei tendo que ficar se não quisesse eu ser o paciente, já que ela estava muito calma comigo.
Fiquei maluco ao restante da tarde sem noticias deles. Era quase sete da noite quando eles chegaram, ela estava com a perna imobilizada e com vários arranhões nos braços.
- Como você está? – perguntei a olhando.
- Cale a boca, não quero ouvir o som da sua voz. – ela disse sem nem me olhar.
Meu tio a ajudava e ria muito de mim sem ela notar. A deixou no sofá enquanto foi buscar água na cozinha que ela usou para tomar um remédio. Ela pediu pra tomar banho e eu me ofereci pra ajuda-la.
- Quebrei a perna e não os braços. Posso tomar banho e me virar sozinha.
- Querida, você vai precisar de ajuda? – Meu tio perguntou de modo que fosse sarcástico pra mim.
- Ah, tio Clint. O senhor poderia me ajudar a proteção na perna para não molhar?
- Claro, minha querida.
Aquilo já era demais pra mim, sai pra esfriar a cabeça. Não entendia o porquê, mas eu merecia aquele tratamento que estava recebendo dela. E me sentindo mal por ter causado nela aquele acidente. Ela tinha viajado por minha causa e eu tinha feito o que fiz com ela. Ela estava certa.
Voltei menos de uma hora depois e meu tio estava sentado vendo TV.
- Onde ela está? – perguntei.
- No quarto, acho até que já dormiu. Estava cansada e com dor, coitadinha.
Eu ia em direção ao quarto de hospedes quando meu tio me advertiu.
- Esse quarto é o meu agora. Ela está no quarto que era da sua tia.
- Por quê?
- Não suportaria ficar naquele quarto sem sua tia por mais de um dia na minha vida. E como não temos outro quarto de hospedes, ela quase me pede pra dormir na calçada quando sugeri seu quarto, ela então ficou lá.
- Vou lá.
- Vá e não seja um idiota grosseirão, pois ela gosta de você.

Entrei no quarto devagar com dois receios, acorda-la e ser atingido por algum objeto que ela viesse a arremessar. Mas por sorte ela estava dormindo.

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