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sábado, 8 de março de 2014

ღ Capítulo 1 ღ

Ainda era cedo da manha quando o procurei na cama, mas não encontrei. Logo levantei rápido, um tanto atordoada, sai do quarto e então o vi debruçado na janela. Cabelo amarrado do jeito que gostava, só de calça, mostrando as tatuagens que marcavam seu corpo. O admirei por longos segundos até ir lá. Ele olhou de lado e esboçou um sorriso quando me viu, continuou olhando pra frente, o abracei por trás e me vi tão baixinha perto dele. Ele se virou ainda encostado na janela e me puxou pra junto dele, me senti aconchegada naquele abraço que era só meu. Ele beijou minha cabeça e segurando meus braços ficou ali me deixando ouvir o coração dele bater. Eu me sentia vivia, eu nos deixava viva. Eu era a pequena que ele nem queria conhecer, que ele lutou em não aceitar gostar, que ele nem se quer permitiu mudar algum plano na vida dele. Mas eu já estava lá há algum tempo, acordando e dormindo todos os dias com ele, mudando as coisas de lugar e as vezes o deixando bravo, ele falava não mas alguma coisa em mim fazia com que ele voltasse atrás com a palavra. Eu o fazia mudar de rota, mudar agenda, mudar até a roupa, e ele até fazia com sorriso no rosto. Eu senti medo, de estar fazendo alguma coisa errada com ele ou pra ele, e o fazendo desgostar de mim, mas ele pediu, ainda numa noite dessas, que eu não deixasse mais a vida dele. Eu ainda estava perdida em meus pensamentos quando o senti me conduzindo até o sofá, se jogou e me jogou por cima dele, arrumou meu cabelo atrás da orelha e ainda segurando meu rosto me beijou e perguntou sério:
 - O que você tem? Não é muito de ficar assim perdida em pensamentos.
- Não é nada, só estou com sono.
- Serio que depois de tanto tempo vai começar a mentir?
- Mentir mentiria se falasse que não quero soltar seu cabelo – Soltei o cabelo dele e o beijei.
- Agora fala o que era que estava fazendo você pensar tão longe.
- Você me deixa longe.
- Sabia que você é péssima em mentiras? Que nunca poderia ser uma atriz ou algo parecido? Você não sabe fingir algo, você é sincera demais pra isso. E agora, por favor, me fala o que é.
- Não quero falar disso.
- Por favor...
- Não...
- Me fala. Sabe que uma das coisas que detesto é ser enrolado, por maior que a bobagem for me fala.
- Lembra quando a gente se conheceu? Você nem cogitava a hipótese de ter em mim mais que uma maluca que te beijou a força, muito menos ser casado com ela.
- Não somos casados.
- Não?
- Não. Você é apenas minha garota que dorme aqui há alguns dias, e que tem sua casa, sua vida.
- Sua garota, então nem sua namorada eu sou?
- Claro que não. Que eu lembre nem te pedi.
- Sabia que estou aqui sendo sua garota que acorda e dorme com você há mais de quatro meses?
- Isso classifica casamento?
- Não, claro que não. Vou tomar banho.
- Para, espera ai. A gente tá conversando.
- Tenho aula daqui a pouco.
- São seis horas.
- É, mas eu tenho que me arrumar.
- Mesmo assim, se bem te conheço você faz isso rápido.
- Tenho que fazer café e tenho que sair antes das sete.
Levantei, peguei a almofada que estava no chão e já estava seguindo pro quarto quando ele me segurou pelo braço. Me olhou serio do modo que ele só olha quando eu ajo como criança.
- A gente ainda vai conversar, não é?
- Preciso tomar banho.
- Vou com você.
- Não.

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