Já tinha passado uma semana que eu não dormia, não
comia e nem me concentrava. As coisas na gravadora iam de mal a pior, e
coincidentemente fazia uma semana que eu não falava com Savana. E eu não sabia
o que era que me incomodava tanto. Era sábado e eu cheguei em casa mais cedo,
raramente eu chegava antes das onze da noite, sempre ia com Savana a algum
lugar, massa aquele sábado era diferente, tinha muita coisa errada comigo,
então cheguei antes das cinco da tarde afim de dormir. Qual foi minha surpresa
quando entrei e vi Savana em pé diante da estante pegando os livros dela. Ela
se surpreendeu em me ver.
- Oi. - Falou tentando esconder a euforia, só de
ouvir aquela voz parte de mim melhorou. A abracei de modo que a fizesse caber
em meu abraço, e a beijei com calma. Ela me olhou ainda com o olhar diferente,
se afastou de mim e pegou a mala que eu não tinha notado.
- O que é isso?
- Minhas coisas. Vim buscar. Só faltam os livros.
- Porque veio buscar?
- Não sei se você tinha notado, mas estavam todas
aqui.
Savana era baixinha, tinha a pele branca, cabelos pretos
e grandes, nunca foi dessas meninas fúteis, embora tivesse vinte anos parecia
ter menos. Era uma completada garota. Tinha um estilo único e muito encantador.
Naquele dia em especial estava de bermuda, camiseta e jaqueta, um jeito que me
enlouquecia. O cabelo solto e aquela mania de deixa parte no rosto que me
obrigava a arrumar.

Toquei o rosto dela e ela tirou minha mão levantou e foi tomar banho. Tentei entrar
mas a porta estava fechada. A coisa ruim voltou a incomodar outra vez. Ela saiu
e mal me olhou, eu parei na frente dela:
- Baby, o que você tem?
- Nada. Vou embora pra casa.
- Dorme ai, já anoiteceu.
- Tanto faz. Pego um táxi.
- Não precisa. Eu sei o caminho.
As palavras duras dela não soavam como birra, mas
sim como algo que machucava. Eu realmente estava angustiado devido ao trabalho,
até bobagem com ela me fazia piorar.
Ela saiu sem nem falar tchau muito menos ainda me
dar um beijo. Voltei pra cama e tinha o cheiro dela no meu lençol. Acabei
dormindo rápido, acordei inúmeras vezes como todas as noites daquela semana. Levantei
antes das oito já que não conseguia mais dormir, como sempre fui pra janela.
Por uma questão de segundos esperei ela chegar me procurando como sempre fazia
quando eu levantava primeiro. Me joguei no sofá e comecei a lembrar dela, de
coisas bobas. Que ela sempre soltava meu cabelo quando estava preso, que tocava
minhas tatuagens como menina curiosa e que ria baixinho quando me beliscava e
eu fazia careta. Percebia que sorria ao pensar nela. Peguei o telefone pra
ligar e vi a foto de nós dois como protetor de tela. Pensei que ela ainda
estivesse dormindo e apenas mandei uma sms ‘Acorda,
Baby.’
Esperei o dia todo ela vir me ver mas isso não
aconteceu. Era noite e eu estava com a cabeça explodindo. Liguei pra chama-la
pra sai r mas como sempre não atendeu. Fui até o prédio onde ela morava e
encontrei Rebeca saindo, a amiga que morava com ela.
- Grande Dave. – ela gritou quando me viu como
sempre fazia.
- Cadê a Baby? – Falei a abraçando.
- Ué, eu não sei. Você quem tem que saber.
- Eu? Você quem mora com ela. – Rebeca mudou a
expressão pra preocupada.
- Mas, Dave. Savana saiu daqui desde que foi morar
com você. Quando nos falamos é por telefone.
- Ela não mora comigo. Ela apenas dormia lá. – A
expressão dela mudou, ficou igual a da Lia. Com raiva.
- Mas dormia a muito tempo, tempo suficiente pra
ser morar junto.
- Não, não é.
- Dave vem, sobe.
Subimos para o apartamento e realmente nem de longe
tinha sinal da Savana ali. Era tudo muito extravagante, diferente das coisas
serenas e discretas que ela gostava.
- Sabe... – Ela começou. – Eu lembro como a Sav te
conheceu. Ela entrou aqui de um jeito que eu nunca tinha visto antes. Ria
compulsivamente e estava completamente linda por dentro.
Eu voltei ao dia que a conheci.
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