Quando em fim me desliguei da viagem que fazia
Savana me olhando fixamente e notei que a minha história tinha a tocado.
Ninguém além de Lia sabia pelo que tinha passado e naquele momento eu tinha
acabado de relatar tudo pra ela, e ela não disse nada. E era o que realmente
queria, o silencio era essencial naquela hora, se ela me abraçasse ou fizesse
qualquer outra coisa eu iria levar para o lado que ela teve pena de mim, mas só
em me escutar ela fez tudo o que eu precisava.
- Você quer sair comigo? – ela perguntou com um
timbre de voz marcante, firme.
- Quero sim, vamos.
Saímos e eu sabia que algumas perguntas cercavam
ela, e de alguma forma elas tinham que ser respondia. Chegamos numa cafeteria e
ela se alegrou em tomar alguma coisa quente, o frio estava realmente muito
forte. Sentei numa mesa de canto e ela sentou a minha frente. Ficou me
encarando e eu sorri.
- Pergunte, Baby.
- Não. – Ela disse brincando com o copo.
- Vai logo, eu sei que você está cheia de perguntas
pra fazer. Não gosto de rodeios, se houverem perguntas que não queira
responder, eu não responderei, mas pergunte.
- Pra onde seus foram, o que eles fazem que viajam
tanto?
- Club de Motocross. Espíritos aventureiros e
livres.
- Vamos visitar seu tio por esses dias?
- Eu sim, você não.
- Por quê?
- Vai fazer o que lá?
- Conhece-lo.
- Quem sabe eu te leve? – Ela se animou de
imediato. - Agora toma seu chocolate.
- Eu tenho um irmão mais velho, Steve. Meu pai é
fotografo e minha mãe escritora. – Como ela tinha me escutado resolvi a escutar
também, apesar do pouco interesse. – Meu irmão é casado com uma francesa e mora
lá, contra vontade de todo mundo. Minha família é bem grande. Meus pais moram
Miame, moro aqui com a Rebeca desde que comecei a faculdade.
- O que sua mãe tem? – Lembrei sobre o assuntou
falado na noite anterior.
- Ah, problemas de respiração. Alguma coisa com os
pulmões.
- Ela fuma? – Perguntei de forma sarcástica.
- Nunca fumou. – Ela nem notou meu sarcasmo.
- Ainda bem, assim ninguém nunca poderia culpar meu
cigarro se eu adoecesse de pulmão.
- O que tem a ver, Dave?
- Nada, só estou falando. Foi um elogia ao cigarro,
cigarro não faz mal.
- Então fume.
- Fumarei, sim.
- Vou visitar minha mãe por esses dias, vamos
comigo?
- Não. – respondi comendo meus waffles.
- Mas por quê?
- Porque não estarei afim. Sua mãe, sua casa, sua
viagem.
- Nossa, nem sei bem porque te pedi pra ir comigo.
- Eu menos ainda, já imaginaria a resposta.
Uma coisa que eu realmente gostava nela era ela
nunca se importar com o que eu falava. Do modo que falava. O que geralmente era
um problema nas minhas conversas. Ela apenas me olha levantando a sobrancelha,
mas logo dava de ombros.
A deixei em casa no inicio da noite e voltei pra
casa, ela não tinha se sentido bem no fim da tarde e disse que queria ir
embora.
Passamos quase todas as tardes juntos naqueles dias
até a noite dos preparativos de ano novo, ela decidiu passar réveillon com os
pais. Eu iria ficar sozinho, como sempre, já que não desejava a companhia de
ninguém.
Era perto de meia noite quando sentei no chão da
varanda e fiquei olhando a rua, estava bastante movimentada, era legal de ver
mas era fora de cogitação está ali. Assim que marcou meia noite e os fogos
começaram a brilhar no céu eu fechei a jaqueta e fiquei admirando. Mas senti algo que me arrancou um sorriso que
a tempos eu não dava. As mãos dela me seguraram por trás e ela fez com que meu
corpo deitasse no colo dela. Ela nos envolveu com uma manta e me surpreendeu
com um beijo no rosto e uma frase que me confortou egoistamente.
- Eu não poderia estar em outro lugar que não fosse
ao seu lado neste momento.
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