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segunda-feira, 10 de março de 2014

ღ Capítulo 4 ღ

Estava tocando em um festival de rock da faculdade que era perto da gravadora e que muito dos estudantes nos conheciam. Já havia bebido bastante, mas estava consideravelmente lucido. Havia uma menina que me olhava o tempo inteiro e eu estava sem entender o que uma criança fazia ali. No fim do show fui barrado por ela no pé da escada que dava acesso ao palco.
- Oi. Quer uma bebida? – Aqueles olhos pretos brilharam pra mim.
- Não. E quem é você?
- Savana. Estudo na faculdade que promoveu o festival.
- Desde quando crianças estudam lá. – Falei me afastando mas ela me seguia.
- Mas eu tenho dezenove. – Falou indo pra minha frente.
- Sei. Agora sai da frente.
- Seu nome é Dave e você é dona da Keys.
- Já sabe muito de mim pra que veio puxar conversa?
- Queria conversar com você.
- Está conversando, aliás, já conversou.
- Você é lindo.
- E você parece uma daquelas bonecas que não param de falar.
Ela me surpreendeu com um beijo rápido. Terminou com um sorriso que fez meu coração disparar de um modo estranho. A atitude dela era tão maluca e tão imprevisível.
- Cadê a bebida, Baby?
Ela saiu pra pegar e eu aproveitei pra ir embora. Todo mundo sabia do meu jeito de ir embora assim que terminasse algo que estivesse fazendo e que não fosse mais preciso minha presença. Olhei rápido ao redor e vi Lia com o namorado, acenei de forma que ela soubesse que iria embora e sai. Quando cheguei no estacionamento que subi na moto, ela estava na minha frente parada com um copo na mão.
- Nunca te disseram que é feio deixar uma dama falando sozinha?
- Uma dama talvez, mas uma boneca falante não.
Qual foi minha surpresa quando ela subiu na moto que estava do lado da minha. Jamais julgaria que aquela moto fosse de uma mulher, muito menos de uma garota. Ela uma Yamaha. Ela arrumou a mochila nas costas e acelerou. Não sei o motivo mas a segui. Ela parou em um bar pouco movimentado e desceu, ia entrando quando gritei.
- Que é? – ela respondeu de costas e pude então reparar nela. Cabelo solto, shorts, meia, bota e uma jaqueta que a deixava maravilhosa. Quando ela virou pude notar o quanto era linda.
- Eu quero a bebida.
Sorrimos e entramos no bar. Passamos o resto da noite lá, só saímos quando o dia já estava claro. Ela se despediu e foi embora. Fiquei a admirando partir. Em casa não sei como cheguei e nem sei como acordei no outro dia. Na sexta-feira da outra semana estava saindo da gravadora quando a vi. Com aquele sorriso que me chamou atenção na noite do festival.  Estava me esperando.
- Baby. Pensei que jamais te veria outra vez.
- Se esse era seu plano, quero te falar que ele falhou.
- Vamos tomar uma bebida?
E isso se repetiu durante um mês, todos os dias ela me esperava na porta da gravadora e todos os dias saiamos pra tomar uma bebida.
Em um dia sai rápido da gravadora achando que ela já estaria lá, mas não estava, esperei por cerca de duas horas e ela não apareceu. Isso se repetiu por três dias e algo em mim parecia preocupado. No sábado saindo pra almoçar tive a surpresa de encontrar ela na porta, dessa vez de vestido, tênis e a inseparável jaqueta. Estava ainda mais linda do que já era. Não sei porque mas a abracei de imediato.
- Baby desaparecida.
- Mas reapareci. – ela falou com um jeito que demonstrava alegria.
- Vamos almoçar?
-Vamos, mas hoje eu estou sem moto, a minha quebrou.
- Por isso sumiu? Aceita ir na minha?
- Também. Estava com uns problemas da faculdade e com minha mãe, coisa de saúde.
- Sobe, assim você me conta o que houve.
Então pela primeira vez ela subiu na minha sturm, uma Harley Davidson que era minha maior paixão. Avisei a Lia que não viria mais a tarde e a levei pra minha casa.
Ela entrou e como sempre não parava de falar um segundo. Quando fechei a porta fiquei a admirando e ela notou. Jurei que ela podia ler pensamentos, pois se aproximou e me olhou de modo que me fez a desejar de forma diferente. Nos beijamos, e como se eu estivesse pouco lucido tive uma tarde como nunca antes tinha tido.
Acordei com o escuro da noite e senti aquele corpo sobre o meu e aquela mão delicada segurando a minha. Acariciei o cabelo e beijei a testa, nem tentei levantar, queria continuar sentindo aquela sensação boa por mais tempo. Acordei um pouco mais tarde com ela mordendo de leve meu rosto. Um arranhão tão gostoso que eu poderia jurar que nunca vivi sem antes. Ela levantou rápido e disse que teria que ir embora.
- Moro com uma amiga, ela nem sabe onde estou.
- Ei, você não vai. Não vou permitir. Você é minha hoje e amanhã, só te solto segunda-feira.
- Mas eu não posso.
- Pode e vai. É só ligar pra ela.
- Mas eu não tenho roupa nenhuma aqui.
- Vamos fazer o seguinte, te levo em casa e você pega uma roupa pra segunda-feira, fala com sua amiga e só.
- Certo. – Ela concordou enfim e sorriu.
Chegamos ao apartamento dela, ela foi logo buscar as coisas no quarto e eu fiquei na sala. Então uma moça que aparentava a idade dela apareceu. Me olhou curiosa e sorriu.
- Dave?
- Sim, e você? Como sabe meu nome?
- Rebeca. Moro com a Sav. Engraçado é ela falar tanto de você pra mim mas nunca sobre mim a você.
- É que ela escala os assuntos mais importantes pra falar.
- Sei. Você é bastante humilde.
- E você... Bacana.
- Pronto. – Savana reapareceu com a mochila maior.
- Vai onde?
- Vou...
- Vai pra minha casa. – Eu a interrompi. – O assunto importante dela.
Rebeca fez cara feia pra mim e beijou a amiga e pediu que ela ligasse. No caminho de volta pra minha casa ela foi abraçada comigo o tempo inteiro, segurava firme minha jaqueta. Assim que chegamos ela falou que estava com fome.
- Vou pedir uma pizza.
- Não tem comida de verdade?
- Tem, mas não estou nem um pouco com vontade de fazer.
- Eu faço.
- Não – A puxei com força – Você é minha, lembra?
Dessa vez ela que me levou pro quarto. Tirou minha camiseta com uma facilidade comum e inesperada. Sentou na cama e me puxou, beijava devagar meu ombro e com as mãos fazia carinho no meu peito. Não sei por quantas horas ficamos daquele jeito, mas aquele carinho e aquele cuidado que ela me doava fazia com eu me sentisse muito bem. Meu corpo estava totalmente entregue aquela menina e ela cuidou tão bem dele que na segunda-feira eu acordei um tanto chateado. Ela estava de toalha perto da cama. Não pensei duas vezes até puxa-la pra cama.
- Não sei porque já tomou banho se vai ter que tomar outro daqui a pouco.
- Não dá, tenho aula cedo. E não quis te acordar antes.
- Porcaria, deveria ter me acordado. Teria aproveitado mais você.
A beijei , puxei a toalha dela e fui tomar banho. Quando voltei não estava mais no quarto. Estava na cozinha, tinha feito café pra nós dois. Fiquei impressionado em ela acertar exatamente como eu gostava do café. A levei pra aula e não sei o real motivo, mas passei o dia todo pensando naquela menina.

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